"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

sábado, 20 de setembro de 2008

ILUSÕES DO TEMPO

Mensageiros do cabo das tormentas
Candidatos a magoas e ilusões
Na escada de ferro
Descemos metricamente cada degrau

O peito arde em fogo
A brasa queima os pensamentos
A maré da eternidade
Rouba a inoscencia da criatura

Jovens venham ao mundo!
Roubem suas misérias
Pisem em suas amarguras
Declamem seus sentimentos

O fogo do inferno
É o pensamento intorpecido
A honestidade do homem
É breve e passageira
Até proclamarmos tal palavra

Nasce uma criatura
Peça fundamental
Em nossa mecanica sociedade
Herói da barbárie
Ou cúmplice do desconhecimento?

Desejo as crianças
Uma forte esperança
Que transforma
No coração do jovem
Em objetivo de vida

No livro o escritor
Encaixa suas frases
Forma o texto
Joga com as palavras
Na vida o pastor
Leva as ovelhas
Apanha os raros
Para trabalho fundamental

Céu, estrela, constelação
Os irmãos a mesa
Transformam a nobre ceia
Em recado certeiro ao homem

Encerro os punhos
E corro em disparada
Só para adiante
Parar um pouco
Descançar e recomeçar
Tudo de novo

Os amigos todos queridos
Resolvem brincar mais uma vez
Jogam embreagados
O que tem que ser jogado

Sopro eu então a vela
E deixo tudo as escuras
Na casa do conhecimento
Ninguém mais enxerga

Veja então com a intuição
Se isso nos for capaz!

O quadro da vida
Se faz pela aquarela
Dos sentimentos
Uns misturados a outros
O branco com o vermelho
Formam o laranja
O azul com amarelo
Formam o verde
A fé com superstição
Formam a fantasia
O egoísmo e a falsa nobreza
Formam a hipocresia
A fome e a desesperança
Formam a miséria
A inquietação e o medo
Formam a timidez
O branco com o negro
Nasce o mulato
Deus e o Diabo
Prega o católico

Olho agora por outra vitrine
E surpreendentimente vejo-me
Os olhos refletidos de antes
Não passam mais aquela curiosidade
Já se encontram menos brilhante
Como se estivessem
Acostumando-se a vida
De rotina em rotina
A curiosidade perde o encanto
E a realidade espanta o brilho
E vivo, vivo por viver
Creio na vida e no homem
Creio em Deus e sua bondade
Creio na instrução divina
Rogo aos fracos (como eu)
A se espelharem nos que erraram
E a reconhecer o que aprende
Não se esquecendo de uma conversa edificante
E não perder o brilho da curiosidade
O encanto da fé
E a busca infinita pelo amor!

(David - 24/07/08)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

No aconchego dos lares

A massa cardíaca, pulso compassado micrométricamete, a nutrir endosmóticamente as células, micro geradores de energia, ambos ao comando do estímulo maior, o maioral da razão, o impulsionador de nossos atos, o gerente de nossos pensamentos, o administrador de nosso destino, o artista que esculpe nossa trilha, a massa neural central que nos governa o livre arbítrio. O conjunto de nosso viver, o cabedal da vida.
Quantos de nós paramos nossos atos diários para perceber as batidas sublimes do centro das nossas emoções? Quantos de nós nos compassamos juntamente com o pulsar cardíaco imaginando os volumes de plasmas nutritivos inundando nossos tecidos, nossas células, nos fazendo à vida? Quantos de nós deixamos de lado, por um segundo que seja, os dessabores dos labores cotidianos para tentarmos imaginar como se faz um pensamento, uma corrente elétrica nervosa que nós faz pensar? Cá estamos, diariamente vagando daqui pra lá e de lá pra cá e normalmente não encontramos tempo para nos observarmos, para tentar perceber a realeza que é o fato de inspirarmos ar rico em oxigênio, para percebermos como se dá essa troca natural de gases no sangue, o caminho que vai percorrer até chegar à organela que lhe é compatível a produção de energia. Oh, como é lindo, como somos perfeitos, como somos equilibrados fisiológicamente. Se o somos assim equacionados na formação orgânica, o que nos faz probos da psiquê, o que nos faz meros depressivos que somos, uma vez que a verdadeira felicidade e o equilíbrio mental ainda são utopias a ser desvendadas?
Temos como relacinar tudo isso à conquista da perfeição no geral com o fato da unicidade?
Paremos um dia, no aconchego dos lares, na paz de nossas confotadas camas e imaginemos, reflitamos a respeito, e quem sabe conseguiremos naquele momento, nos olhando intensamente, no fundo de nosso ser, de nossos atos, nos analisando com sinceridade, nos tornarmos equilibrados e felizes verdadeiramente, mesmo que por segundos.
João