"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

CARTA PARA AMIGOS DE VERDADE: O HOMEM CAMELO QUE VIROU HOMEM CRIANÇA

Dilúvios na mente
Turbilhão impenssável
Sofrimento interno
Aprendizado sincero

No olhar uma mágoa
Sou apenas homem
Distânciando da criança
Que chora solitária
Dentro de meu apertado peito

O homem é um camelo
Que durante seu longo caminho,
Sofrido, em meio ao deserto
Carrega seu lombo com enorme peso

A criança chora em seu peito
E o homem camela em defeito
O olhar fosco e atordoante
Vê as paixões se tornarem delirantes

O homem reflete
E procura a criança
Magoada em seu peito
Pelo seu breve esquecimento

O homem camelo pena!
E quando se cansa
Pede a Deus
Que o faça novamente criança

E Deus justo como é!
Diz que esse feito não é possível
O homem é homem
E a criança é ilusão

Mas Deus o dá reflexão!
Pensamentos correm e fojem
E o homem camelo
Resgata em seu peito
O sonho de anteontem
E diz a si mesmo:

"Sou homem camelo
E carrego muito peso
E desejo tudo
E tudo desejo a todos
Quero ser homem criança
E nada desejar
Apenas olhar e rir
Apenas tocar e apreender"

E o homem camelo
Para em meio ao deserto
De tua pobre vida
E retira de seu lombo
Todo o peso que o atina

Voltando a ser apenas homem
Ele se sente solitário
E procura a criança que chora em seu peito
E lhe dá suas mãos

Nesse momento
Da cabeça do homem
Que agora também é criança
Nasce um enorme balão
Que ele agarra
E sobe em direção ao infinito criador!

(David / 28/10/2008)

OBS: Homenagem aos amigos e ao Super-Homem: Friedrich Nietzsche!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O CANTO DO TIMONEIRO

Timoneiro, timoneiro
Guia de qualquer embarcação
Guia-te pelos teus belos mares
Guia-te pela tua imensa vida

Timoneiro, timoneiro
Homem honesto a seus anseios
Guia-te de encontro a seus sonhos
Tão bonitos como azul oceano

Timoneiro, timoneiro
Olhe a lua e as estrelas
Segue com sua jovem tripulação
Às terras mais alheias

Timoneiro, timoneiro
O velho homem Nagô
Espera-te no porto
Qual será o mistério desse cais?

Timoneiro, timoneiro
O velho Nagô lhe pede
Que leve seu jovem filho
Para as aventuras do além-mar

Timoneiro, timoneiro
"Nessas terras a vida é difícil
O chão é muito seco
E os homens são sofridos"

Timoneiro, timoneiro
Leve consigo as instruções
Das terras por onde navegas
Dos mares por onde andas

Timoneiro, timoneiro
Partes tão ligeiro
Navega as pressas rumo ao velho mundo
Com sua tripulação mundial

Timoneiro, timoneiro
Guia de tantas vidas
Leve esses pobres homens
Ao teu passeio de despedida

Timoneiro, timoneiro
Olhe as tormentas do mar
Nessa tarde tão escura
O sopro dos deuses estão a te afagar

Timoneiro, timoneiro
Seu timão não é mais seu parceiro
Sua naus não é mais sua casa
São apenas brinquedos no mar

Timoneiro, timoneiro
Alguém te ensinou a nadar?
Pois a madeira do navio
Já estaá no fundo do mar!

Timoneiro, timoneiro
capitão de sua tripulação
Agora no além vida
Pois a terra ficou para trás

Timoneiro, timoneiro
Tudo agora é mais calmo
Tudo agora é claro como luar
Aqui! Onde homens não são homens
As mercadorias não chegam
A nenhum lugar!
(David Lugli - 15/08/08)
* Naufragio de uma embarcação mercantil no caminho entre a AFRICA E A EUROPA.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Brincando com poetas e poesias

BRIANCANDO COM POETAS E POESIA
(MUITOS POETAS EM UMA SÓ POESIA)

Eu não tenho mais minhas antigas MORAES
Nem minha poesia agora parece ROSA
Eu não escrevo para dar BANDEIRA
Eu não crio verso copiando de outra PESSOA!

Quando faço um poema sujo
Eu OLAVO de puros sentimentos
Não que eu CASI meus versos
Mas sempre MIRO bem as palavras
ABREU seus pensamentos?

Minha poesia é como um MACHADO
CUNHA toda minha experiência,
Minhas virtudes, erros e memória.
O TOM que tenho agora
É a mistura completa de tudo que leio

Miro o céu e canto AUGUSTO DOS ANJOS
Procuro algum enigma entre arestas
Entre os MATOS e as florestas
Recolho alegremente simples RAMOS
CASTRO assim, toda minha escuridão sentimental
Bato em retirada dessa vida cotidiana

Aqui, nesse outro mundo
Crio novos amigos REIS
Navego entre CAMPOS de imaginação
Brinco com poetas e poesia
Invento versos e faço primazias!

(David – 14/08/08)