sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
VELHOS CAMINHOS EM UM NOVO MUNDO
O que este cenário nos mostra?
Talvez, que o mundo muda, avança,
Renova-se e inova-se.
Mas, o que nos interessa,
É que tanto o velho quanto a trilha
Invocam antigas concepções,
Concepções não mais visíveis aos nossos sentidos
Pois, o mundo é novo e o espaço o acompanha.
O velho e sua trilha se fundem por um lapso de tempo
Eles, nesse momento, são uma coisa só
Uma ilha do tempo no espaço novo.
Eles são uma sensível invocação do passado,
Dois caminhos que se percorrem a tempos,
Atravessando o tempo.
Aquele velho, aquela trilha tem histórias distintas,
Mas quando se conectam, fazem desabrochar no presente
Um tênue portal para o passado.
Formam um portal dinâmico e em movimento.
Um breve insight nos assola e nos conduz a pensar:
Quantos antigos caminhos trilhamos nesse novo mundo?
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
A arte dos ociosos (fragmento - H. Hesse)
LAGO (OU ÁGUAS) DOS SABIÁS
Brincam sobre as águas
Por onde parecem nadar os sabiás.
Mesmo banhando os meus olhos
É assim que se divertem os sabiás.
Nobre lago de mil encantamentos
Em suas margens quantas memórias
De um passado que resiste e insiste
Em se mostrar pelo balé aquático dos sabiás.
As idéias e as lembranças são eternas
Pois presenciaram e construíram a história.
O lago, os campos, as cidades, todos os lugares,
São eternos porque são feitos de memória.
Lago que se faz eterno pelo prisma do sabiá
Mesmo que morras ou desapareça um dia
Saibas que a mim tem seu lugar
Em todas as casas de minha memória.
Homenagem as lembranças de um passado que vive, mas não pode mais se mostrar ao observador do presente. Homenagem ao laguinho da FCT-UNESP, quantas histórias...
(David 2008)
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
MOMENTOS
O dia passou sem vir
Não houve tempo
Suficiente para você refletir
Peça um conselho, ouça seu amigo vento.
Sente-se, relaxe, respire a fundo
Volte novamente a ser criança
Sonhe, pois ainda é jovem, é dono do mundo
Em nenhum momento pense em perder a esperança.
De caminhar em caminhada
Olhe, veja, repare, contemple
Seja o campo, faça uma flor para mulher amada.
Tantos momentos fazem um dia
Absorva-os, pois sem eles a vida fica vazia
Não chore, não se entristeça, sorria.
(David)
MOMENTOS II
Corra até o horizonte
Dê todos os passos que puder dar
Vá muito além de trás do monte
Quando a terra acabar não tema em navegar.
Quando estiver cansado de correr
Divirta-se aí mesmo, em seu momentinho
Só pare de criar, imaginar, quando morrer
Construa um mundo, faça a paz, tudo em seu cantinho.
Alie-se aos seus inimigos
Perdoe a quem tiver que perdoar
Nunca se esqueça dos melhores amigos.
Se algo ainda lhe faltar
Olhe firme e peça aos céus
Mais uma pessoa que possa amar.
(David)
sábado, 18 de dezembro de 2010
Soneto ao tempo
O tempo só é pensado, a tempo
Medido por ritmo ele é poesia
Corre ao vento, transforma dor em acalento
Aquele que antes chorava, ontem sorria.
De pensar... Passou o momento
De relance lancei-me no espaço
Por que não sonhar? Perder esse sentimento!
Retornar ao presente? Deixe-me eu mesmo faço!
De dia vejo as coisas acontecerem
O sol é que faz, alumia todos os afazeres
É um desconforto, há uma falta de paz.
De noite o sonho faz amortecer
A lua não deixa acontecer às trevas aparecer
Então, vivo nesse eterno tempo, nesse constante renascer.
(DAVID – 12/10)
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
NOS VALES DA VIDA E DA MORTE
Entre as vertentes da imaginação
Encontramos os vales sombrios do desespero
Nestes vales escuros
Não há reflexo na correnteza de seus rios.
Mas, se sonhar é viver
Devemos explorar com coragem
Nossos vales, rios e escuridões
Nem sempre a luz nos deixa ver!
É nas profundezas, talvez,
Que nos sentimos mais bucólicos
Mais sofredores do “sem causa”
Mais amantes do desespero.
Nos fundos vales, em seus rios
Pescamos nossas novas ilusões
Estas que uma vez em nossas mãos
Fazem nos apreçar em subir a colina
E gritar a todos: tenho novidades!
Quantas novidades patéticas
Encontramos entre os vales da imaginação
Não cuidamos para que ele
Seja menos obscuro,
Pelo contrário
Dia após dia deixamo-nos além da penumbra
Grosso véu da incapacidade
De nossa imaginação recriar-se
A questão não é o vale
Esse, em si, é apenas uma condição
Um fato e uma existência dada [...]
A questão é o que fazer do vale?
Há pouca vida na falta de luz
Mas, ela nunca deixa de existir
Apenas ficam as cegas
Ou com mau vista
A dificuldade de ver
Prejudica a compreensão
Que é requisito
Para a imaginação criadora.
Se os vales são obscuros
Os topos, as cimeiras e os altos
São o refresco e o lugar
De novas tolices.
Refresco pela boa visão
Tolice de achar
Que essa visão ampliada
De todos os vales sombrios
Seja algo de valor.
Ao contrário, no topo
Ampliamos nossas tolices
Pois, lidamos com a neutralidade
De ver, mas não estar entre as sombras.
O menos tolo se retira do topo
E segue o mesmo curso do rio
Sempre para o lugar mais baixo
Correndo entre os vales.
É lá que vale a pena sofrer (viver)
E ser tolo ao igual
É lá que vale a pena
Pescar novas ilusões
O rio nos ensina
Mas, também, nos leva a morte
Enigma da vida
É no vale que nos tornamos
Sombrios, tolos e iludidos.
Mas é, igualmente, neste mesmo lugar
Que encontramos a morte e
A redenção.
Esta condição de livrar-se
Da tolice, que nos impede
De ver o que há tempos
Já se anuncia tão claramente!
(David)