"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

sábado, 29 de novembro de 2008

Resistencia e arte

Segue teu destino,
Ao topo do morro,
Vislumbrando o velho Tejo,
Tua arte é o aco, a espada, a adaga.
Teus povos foram muitos,
Desde Castellanos de La Mancha,
Aos Mouros.

O império Bisantino alí cresceu,
Fernando de Aragao,
Na reconquista, retomou os seus.
Casou-se, a bela Isabel de Leao.
Unidos pelo coracao,
deixaram de lado a corrupcao,
E aquela terra, aquele povo,
Abracaram como irmaos.

Dessa uniao,
Castela e Leao,
Nasce o que conhecemos,
Como Castelao,
Sua lingua, castelhano,
Hoje ao mundo se faz,
Como lingua da espanha,
A america chegou,
Trazendo também o som do mosquetao.

Daquela terra que falava,
Hoje apenas muralhas.
As rochas sobrepostas,
Formam ai a lendaria cidade de templarios.
Toledo é seu nome,
A resistencia sobrenome.

Joao 29/11/2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A grande Matrona

Apesar do momento, do ensejo,
Me vejo, te tenho,
Sonhos que vinham, hoje se vao,
A noite passa e os olhos nao cerao.

Em aqui estar, muito queria,
No velho mundo,
No velho monstro que foi,
Queimando e torturando,
Pelas maos do inquisidor
Que em nome Maior,
Te tornou justiceira,
E pobres ereges matou.

Torquemada aqui habitou,
Colombo daqui zarpou,
E Dom Quixote aqui exaltou.

Fizeste muito,
Muito tens feito pelo que fez.
Hoje teu nome vagueia o mundo,
Mostrando o que ja foi.
Teu povo levou ao mundo,
O que hoje é pelo que foi.

É a forte Uniao de Castela e Leao,
És a forte muralha, dos Mouros na regiao,
Foi do Imperio, que aqueduto formou.
Tudo hoje ainda vive,
Em tuas terras, apenas mostrando,
O que um dia aqui passou.

Os Incas também saqueou,
Os astecas dizimou,
No México, tua arte deixou.

Tua prata, teu ouro,
Por martírios conquistou,
Muito sangue derramou,
E por Jesus Cristo,
Muito matou.

Se de quem falo, oh meu caro,
Algo lembrou,
Sabeis que da Grande Espanha,
Meu texto mensionou.

Joao 28/11/2008

Querida espanhola

A cada passo vejo o passado,
A cada olhar, vislumbro esse altar,
Palco da história, nossa matrona,
Que ao lado mora.
Te vejo velha, mas te vejo acima nueva,
Te vejo fria, porém belíssima,
Te saudo nos teus becos,
Te acolho no meu peito,
Como fazes comigo agora.
Molhada te tornas romântica,
Ao trago do vinho, te tornas outra.

Falo de tí, tento,
Mostrar-te aos meus,
Como mostra-me dos teus.

Tua vida é simples,
Teu rítimo é lento e pacato,
Tua longa estadia te fez fortíssima.

Te olho, oh linda espanholha,
Me sinto em paz dentro de tí,
Me sinto frágil e forte,
Me torno pronto para a morte.

Mesmo por tí muitos passando,
Me vejo caido, me vejo vencido,
Aos teus pés, mostro-me só,
Entregando-lhe, oh,
Como nunca imaginaste antes,
Minha vida, meu momento.

Em tí querida Madri,
Dou gracas ao nostro Padre,
Puta madre que és,
És tu querida,
Madri.

Joao 28/11/08

sábado, 22 de novembro de 2008

PLANETA DEUS

Já era hora de escrever, expressar os sentimentos
Colocar em palavras o que os pensamentos não aguentam mais
Meu coração está cheio! Cheio de lembranças, emoções, recordações, saudades.
Mas ele também está enjoado. Enjoa-se fácil das coisas.
Como uma ânsia que permanece e não vê sentido em nada!
Uma ânsia, um enjoô de tudo, do trabaho, das relações, dos pensamentos, de mim mesmo!
Outrora vivia em paz com todos. Estava bem comigo e tudo a minha volta refletia-se em paciência.
Harmoniosos pensamentos me invadiam o coração.
Palavras lindas jorravam de minha boca cheias de significados que a mim eram conhecidos.
Talvez não soube me aventurar nessas vibrações e, novamente, desci para baixo.
Talvez por opção, talvez por aprendizado, ou talvez, ainda, por excesso de confiança.
Hoje aqui, entre pensamentos e palavras observo as pessoas, as crianças e imagino
O que todos esperam da vida. Ninguém vive para valer!
A alma encrustada no corpo não brilha, o pensamento vivo envelheceu.
A alma emudeceu diante a pressão. Não há por onde ir!
O chão é escorregadio e os pés descalsos já não sabem mais onde pisar.
Conheço-me e sei que a vida é um ciclo. Sistemático e confuso.
Rezo todos os dias, a Deus, aos espíritos protetores, ao meu próprio Anjo da Guarda.
Agradeço a todos pela divina oportunidade de viver, pela família, pelos amigos, pela minha fase amorosa.
Sou muito agradecido a tudo e a todos. Entre esses pensamentos as luzes já começam a brilhar
E quanto mais forte brilham mais longe sei que estão. A distância é enorme, mas eu posso enxergar.
Isso me faz vivo e sei que a distância entre eu e a luz (infinita) é a distância de meu aprendizado.
Obrigado Deus pelo sofrimento, pela angustia, pelo desprazer, obrigado Deus a todas as coisas.
As memórias, as vidas sucessivas, ao meu crescimento. Obrigado pelas palavras,
Pela escola da vida de noventa e nove aprendizados e apenas um ensinamento,
Noventa e nove erros e apenas um acerto. É para isso que viemos.
Para errar, para sofrer e vez em quando acertar e ser feliz.
Obrigado meu Deus pela proteção divina que me ensina e em meu declínio,
Me dá mais força para viver!

(David - 27/10/2008)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Homenagem

II

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro, O guardador de rebanhos

Claramente claro com os raios de sol. Simplesmente simples como as criancinhas. Ingenuamente ingenuo com um filhote, ..."porque pensar é estar doente dos olhos"..."porque quem ama nunca sabe o que ama"...Nem sabe por que ama, nem o que é amar..."Amar é a eterna inocência, E a única inocencia é não amar"...

João 17/11/2008

sábado, 15 de novembro de 2008

Sentir

"...Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz..."

O guardador de rebanhos - Alberto Caeiro - Fernando Pessoa

Simples assim, entender o que? Saber sobre...sobre o que? E por que?
Mais ridiculo que escrever uma carta de amor, como pensa Alvaro de Campos, mas mais ridiculo ainda é não escreve-la, pois é o seu sentimento. Não senitr ou esconder-lo é ridiculo, mas fazemos, pois somos ridículos. Sentir, eis a questão, eis a força motriz do homem como ser, por que vive e pensa, relaciona e erra, mas no entanto, aprende.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O momento

Em um certo momento da vida,
Eis que me desperta a vontade da escrita.
Vontade essa inexplicável,
Apenas sentimentalizada.

O tempo, os sentimentos,
Tudo alimentava aquele momento,
Poderia ser a paz ou os tormentos,
O que fosse, nutria os sentimentos.

Por muito a escrita me aliviou,
Por menos, de lá pra cá, não me abandonou.
Senti esse prazer, de tentar traduzir meu ser,
Não querendo me fazer entender,
Pois isso, muito menos eu o sei fazer.

Hoje, transpassando outros pilares,
Vejo a vida com mais intensidade,
Olho o caminho trilhado,
Nele apenas meu rastro, obstáculos.

Ainda, seu fim não toquei,
Fim utópico que apenas nos faz viver.

Não querendo me mostrar como rei,
Apenas digo o que nesse momento me vem.
Não digo que sou feliz,
Sou isso que agora te faço ler,
Te faço assim me ver, me conhecer,
O que nesse momento mágico,
Meu ser faz transparecer.

João 13/11/2008