"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

POETAS DE UMA RUA DIVINA

Eram crianças, eram moleques
De uma rua sem dono
Em um tempo atrás
Vivíamos como em um sonho
Numa linda manha de outono
As folhas que caem
Não voltam jamais

A lua crescente
Um dia de repente
Cheia se forma
No céu a brilhar
A vontade do menino
Sempre pedindo
Um dia se transforma
Diante de seu olhar

A união é eternizada
Pelas palavras
Dos poetas de prontidão
Em momento de solidão
Espelham-se na reflexão

Nos momentos de amizade
A paz vos invade
Em profunda sensação
Em cada um de seus corações

Meninos poetas
Jovens crianças
Pedem aos versos
Que cantem vossa
Querida união

Um dia acordei
Novamente criança
Na rua divina
Amigos, esperança
Pareciam adivinhar
Que tudo era um sonho
Onde ninguém
Queria acordar

Meninos, moleques
A criança cresceu
Mas com ela uma amizade
Que naquela rua divina
Nesses dias floresceu!

(David – Sobre os momentos de juventude e sobre a amizade eterna de vossos amigos poetas – 06/06/08)

TERRA DE MISTURA BRASILEIRA

Negros, brancos e amarelos
Berimbau, calor, tropical
Formação de um povo pardo,
Cabloco e claro brasileiro
Mistura social de cultura
Sem igual!

Zumbi, Palmares, Candomblé
Afoxé, capoeira e Pelé
Da áfrica os antepassados
Vieram à força escravizados
Povo com samba no pé
Fazem do Brasil o orgulho que é!

Iemanjá, Quarup, Sairé
Guarani, Bororo, Kaité
Mandioca, tapioca e pororoca
Povo nativo, povo mateiro
Nas raízes de sua cultura
Unificam o povo brasileiro

Japonês, alemão, português
Italiano, espanhol e chinês
Tempero na mistura tropical
Fazem do Brasil um país global

Somos 170 milhões de brasileiros
Pessoas vindas do mundo inteiro
País de muita reserva natural
Hoje população urbana
Mas de raiz rural!

(David – Formação do povo brasileiro – 06/06/08)

EU NÃO TENHO RAZÃO

Pela janela de meus olhos
A razão me escapa
Entre os quadros de meus pensamentos

Na casa ou na escola
Na cidade ao lado
Ou dentro da escuridão
Nas nuvens a plainar
Sobre minha solidão
E eu sem razão

Na favela
Ou no planalto central
Aqui mesmo nesse local
A verdade se perde
E a vaidade se acha
E eu ainda sem razão

As crianças brincam nas praças
Os adultos em depressão
Na política o velho jogo
O povo na decepção
Fico eu em meu quarto
Sem o mínimo de razão

Nem na voz do mais próximo
Encontro a tal razão
Quando em minha própria alma
Ela não vê razão em ter razão

Corro como o vento
Suave e leve
E derrepende
Denso e pesado

Aí simplesmente me precipito
Sobre as ondas do mar
Que em razão do vento
Faz todas as ondas dançarem

A razão pela qual o mar
Ora está em alta
Ora está em baixa
É a mesma razão
Que o homem procura
Para explicar
Sua inconstância
Suas dores d`alma

E eu não vejo razão
Em entender tal situação
Uma vez que,
O mar e o vento
Não procuram pela mesma

Mas às vezes eu
Aqui calado sem razão
Procuro tal explicação
Sentado, olhando o nada
E imaginando o que existe
Por detrás dessa ilusão!

(David – 09/08 – Um dia de aprendizado)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Ao coração belo

Mais um dia,
Mais um momento,
Mais uma lida,
Mais uma vez na trilha.

O dia é frio,
O Sol ainda fraco,
As nuvens muito fartas,
O ar ainda gelado.

Manhã que vivifica,
Ar fresco que regenera,
Brisa leve que me intera,
Construindo vontade bela.

Meus pensamentos ainda frescos,
Minha vontade ainda a mesma,
Erros meus ainda os mesmos,
Minha vida ainda na tangência.

Achava eu havia esquecido,
Achava-me já refeito e bem valido,
Via-me diferente,
Via-me contente.

Mas a verdade é una,
Meu ser ainda persiste,
Minh'alma ainda luta,
Minha vida ainda parece ser tua.

Bastou um momento,
Bastou um minuto,
Bastou uma proza,
Palavras em troca.

Nas minhas profundezas,
Essa vontade despertou,
Novamente trazendo a tona,
Vontade de tê-la como minha dona.

Creio não imaginar,
Que nesses humildes versos,
É você querida,
Que tenho a desejar.

Talvez veja,
Talvez perceba,
Talvez nem leia,
Muito menos entenda.

Mas estou disposto,
Estou entregue,
Estou expressando,
Mesmo que chorando.

Mesmo que chorando,
Sua distância,
Sua ausência,
Que triste opulência.

Estou expressando,
Sentimento sincero,
Com o coração aberto,
Me entrego.

Nunca me ví,
Como hoje me vejo,
Nunca percebi,
Como hoje aqui.

É dificil para mim,
Me entregar e dizer,
É dificil para mim,
Dizer e me abrir.

Mas seu sorrizo desconcertante,
Seus lisos fios castanhos,
Seu silêncio,
Sua distância.

Me tocou,
Me mudou,
Me formou,
Me fez dizer.

Dizer por aí,
O quão uma menina,
Menina tão bela,
Me fez construir.

Versos dedicados,
De um coração calado,
Versos sinceros,
À um coração tão belo.

João 23/06/08

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Minha nova Diva

Prazer culinário e secundário
tudo como pano de fundo
querendo dizer para o mundo
seu novo sentimento primário

Está em primeiro lugar
como nas paradas de sucesso
sobem e descem como gangorra
mas no topo se congela

Da fogueira sai o calor
que aquece o corpo
do toque sai a brasa
que ascende a alma

Momentos eternos
com amigos fraternos
que pelo menos uma vez
são coadjuvantes

A situação é propícia
os amigos confortam
a corrente é positiva
e ela é a diva

Essa é minha nova diva
Redescobri um sentimento
estava escondido e hoje o achei
posso até deixá-lo desaparecer
mas sei que sou capaz de reencontrá-lo
basta o toque mágico de quem me cativa
Obrigado minha nova Diva


Ciro R. Pires

02/06/2008

Turbulência

Me calo, me sinto corroer,
Me falo e me consolo,
Fechado em meu ser.

Me sinto tolo,
Me sinto fraco,
Me sinto só.

Não sei ao certo,
Onde chagarei,
Filosofando me encontro,
Chorando me desmonto.

Lágrimas de perdição,
Lágrimas de solidão,
Muitos ao redor,
Poucos no coração.

Muitos dispostos,
Poucos me mostram,
Preencher um vazio,
Curar uma chaga,
que a cada dia se faz vil.

Calado, calado eu choro,
Sem lágrimas aparente,
Minha dor me esfola.

Não sei a causa,
Não sei por que,
Não sei o que.

Não quero colo,
Não quero pena,
Não quero tê-la.

Essa dor esse pranto,
Essa chaga com espanto,
Esse triste passo,
Na vida solitário.

Laboriosa vida,
Que na dor me ensina,
Laboriosa dor,
Que na vida me cria.

Não sou só,
Com dor e dó,
Não sou só eu,
Não é apenas meu.

Apenas me expresso,
Com singelos versos,
Apenas me calo,
E muito humilde falo.

Apenas te mostro,
O que já conhece e sabe,
Apenas te mostro,
O que todos possuem e ignoram.

Perdido, solitário,
Muitos ao derredor,
Cada qual ainda só.

Só em sí,
Juntos em corpo,
Isolados em pranto.

Aparando arestas,
Solidificando a fé,
Falhando nas brechas.

Diciplinando o vício,
Esforçando a alma,
Enobrecendo o espírito.

Amigo, amigo, não vejo te ao lado,
Sei de tua presença,
Mas não tenho tua nobreza.

Não sou dígno,
Não sou merecedor,
Sou apenas antes e hoje,
Um grande pecador.

Peço te ajuda,
Peço te perdão,
Por esmorecer,
Nesse grade turbilhão.

Muitos me olham,
Poucos me vêem,
Alguns me têem.

Mesmo assim, mesmo assim,
Sou esse, sou isso,
Sou inconstância,
Estou na infância.

A vida me educa,
A vida me mostra,
Castiga a ignorância sólida.

A vida ensina,
A vida cativa,
A vida explica.

O tempo constroe,
O tempo destroe,
O tempo me moe.

O tempo cria,
O tempo amamenta,
O tempo aumenta.

Fortalece, enobrece,
Ensina e desatina.

Dá prazer e constâcia,
Dá a dor e amor.

Cicatriza e revifica,
Mostra e indica.

Assim mesmo,
Vejo tudo a esmo.

Assim caminho,
Lacrimoso e choroso.

Assim desabafo,
Mostro e reajo.

Assim indico,
O que cada um têm.

Assim lembro,
Da incostâcia do homem.

Da ignorância, da arrogância,
Do orgulho e vaidade.

Da beleza da inconstância,
Da realeza do sentimento.

Das conquistas e superações,
Das forças dos corações.

Reunidos e alinhados,
Em grande amor beneficiados.

Assim termino,
Chorando calado.

Assim me mostro,
Com um grande fardo.

Te trago e faço,
Lembra do te eu.

Que não diferente disso,
E muito parecido deve ser.

João 02/06/2008

Ao pé da musa e labareda

Em noite aberta sob a aboboda celeste,
O ar tornava-se gélido com o passar dos viciados ponteiros,
Ao redor da labareda confortante,
Os amigos ali se consolavam por inteiros.

Fogo divino, brasa desconcertante,
Como és linda hipnotisante!!
Te olhávamos juntos, sós estavamos porém,
Cada qual em seu arém, de pensamentos e momentos.

Estava só, em grande devaneio,
no mesmo momento que ao redor estava,
cercado de grandes companheiros.

Pensamentos e sentimentos,
deitado na confortante e acolhedora gramínea,
Em grande felicidade em emoção me via.

Inexplicavel sentimento,
intraduzível momento,
com a linda cadente rasgando o firmamento.

Ao pé da musaceae me sentia confortado,
Com amigos da noite que ao redor volitavam.
A procura de insetos os amigos mamiferos,
Caçavam de braços abertos.

Sua presença era certa,
Ao pé do ouvido passavam cegos,
Mas diferentes de nós, na noite se fazem certos.

De olhos fechados de longe captava,
Aqueles grandes companheiros de longa jornada.
Naquele momento percebi,
Que do passado viemos e por uma vida melhor,
Sedentos nos fizemos.

A lenha estalava, meus olhos se molhavam,
Ao pé da musaceae via aquela fumaça.
Parecia limpar as mentes que no fundo,
estavam a chorar.

Sentia, muito estava a sentir,
E maior foi a emoção,
Quando energias positivas,
recebia de um grande irmão.

Companheiro fiel,
De longe vínhamos,
Conquistando e chorando,
Pela felicidade sempre procurando.

Mais uma vez nos reunimos,
Em vida singela,
Sonhando perante horizonte,
Que em nossas mentes se fazia belo.

Que noite aquela,
Que força amorosa,
nos tocavam fazendo história.

Que momento,
Que sentimento,
Que prazer imenso!

Que emoção,
Que coração,
Que solidão!

Que tristeza,
Que lagrimas,
Que chaga!

Que força,
Que ajuda,
Que beleza!!

João 02/06/2008