"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Turbulência

Me calo, me sinto corroer,
Me falo e me consolo,
Fechado em meu ser.

Me sinto tolo,
Me sinto fraco,
Me sinto só.

Não sei ao certo,
Onde chagarei,
Filosofando me encontro,
Chorando me desmonto.

Lágrimas de perdição,
Lágrimas de solidão,
Muitos ao redor,
Poucos no coração.

Muitos dispostos,
Poucos me mostram,
Preencher um vazio,
Curar uma chaga,
que a cada dia se faz vil.

Calado, calado eu choro,
Sem lágrimas aparente,
Minha dor me esfola.

Não sei a causa,
Não sei por que,
Não sei o que.

Não quero colo,
Não quero pena,
Não quero tê-la.

Essa dor esse pranto,
Essa chaga com espanto,
Esse triste passo,
Na vida solitário.

Laboriosa vida,
Que na dor me ensina,
Laboriosa dor,
Que na vida me cria.

Não sou só,
Com dor e dó,
Não sou só eu,
Não é apenas meu.

Apenas me expresso,
Com singelos versos,
Apenas me calo,
E muito humilde falo.

Apenas te mostro,
O que já conhece e sabe,
Apenas te mostro,
O que todos possuem e ignoram.

Perdido, solitário,
Muitos ao derredor,
Cada qual ainda só.

Só em sí,
Juntos em corpo,
Isolados em pranto.

Aparando arestas,
Solidificando a fé,
Falhando nas brechas.

Diciplinando o vício,
Esforçando a alma,
Enobrecendo o espírito.

Amigo, amigo, não vejo te ao lado,
Sei de tua presença,
Mas não tenho tua nobreza.

Não sou dígno,
Não sou merecedor,
Sou apenas antes e hoje,
Um grande pecador.

Peço te ajuda,
Peço te perdão,
Por esmorecer,
Nesse grade turbilhão.

Muitos me olham,
Poucos me vêem,
Alguns me têem.

Mesmo assim, mesmo assim,
Sou esse, sou isso,
Sou inconstância,
Estou na infância.

A vida me educa,
A vida me mostra,
Castiga a ignorância sólida.

A vida ensina,
A vida cativa,
A vida explica.

O tempo constroe,
O tempo destroe,
O tempo me moe.

O tempo cria,
O tempo amamenta,
O tempo aumenta.

Fortalece, enobrece,
Ensina e desatina.

Dá prazer e constâcia,
Dá a dor e amor.

Cicatriza e revifica,
Mostra e indica.

Assim mesmo,
Vejo tudo a esmo.

Assim caminho,
Lacrimoso e choroso.

Assim desabafo,
Mostro e reajo.

Assim indico,
O que cada um têm.

Assim lembro,
Da incostâcia do homem.

Da ignorância, da arrogância,
Do orgulho e vaidade.

Da beleza da inconstância,
Da realeza do sentimento.

Das conquistas e superações,
Das forças dos corações.

Reunidos e alinhados,
Em grande amor beneficiados.

Assim termino,
Chorando calado.

Assim me mostro,
Com um grande fardo.

Te trago e faço,
Lembra do te eu.

Que não diferente disso,
E muito parecido deve ser.

João 02/06/2008

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