"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Oriente

O sol já nasceu. Olho com a ponta de meus olhos o vermelho fogo que invade os céus. Como um pássaro levanto vôo, igual a uma águia plaino sobre o ar e vejo os homens. Observo-os com os olhos de uma rapina e rio deles como ri a boca de uma hiena. Gracejo dos homens e das mulheres, zombo dos velhos e das crianças, acho graça no vadio cachorro que atravessa a rua sem ser atropelado. Também fico triste por eles. Dizem por aí, os sábios talvez, que o próximo passo da felicidade é a tristeza consciente. E eu sei lá o que seja esse tipo de tristeza, para mim ela é sempre dor, imperceptível e inconsciente.
Hoje acordei desse breve sonho e disse a mim mesmo que continuarei a sonhar amanhã. Sonhar é bom, renova o espírito e limpa à alma, é como um mergulho no rio e um banho de chuva ao mesmo tempo. É irreal, porém verdadeiro, é agradável embora perigoso. O sonho por vezes se torna em pesadelo e temos assim que nos vigiar. Dentro de nosso corpo habitam diversos espíritos que chamamos, por falta de sapiência, de humor. Esses distintos seres podem vir à tona de nossa consciência ou enraizar-se nas suas profundezas. Depende do uso que você faz deles.
Tua personalidade é o espírito primeiro, mais consciente de si mesmo. Quanto mais consciência você tem de seu ser, mais aflora seus outros espíritos. Para essas pessoas criativas damos o nome de artistas. Nunca se sabe quando eles falam a verdade, talvez penso eu, não haja verdade para os artistas, a não ser em seus próprios mundos, fantasiosos e cheios de personagens que eles mesmos criaram. Artistas! Esse é o nome que oferecemos a esses homens e mulheres que sabem lidar com seus espíritos. Oferecem a eles uma única casa, seu corpo, e diversos mundos que é sua imaginação. O problema em ser um artista seja ele poeta ou músico, pintor ou escritor é que em algumas ocasiões suas criações (espíritos) se tornam mais interessantes que eles próprios.
Deixando artistas de lado, gosto de falar em sonhos e por vezes pesadelos. Um é oposto do outro como o dia e a noite, apesar de ambos serem igualmente conscientes e inconscientes. Assim como na vida, trazemos para nosso sentido o que bem entendemos e isso se chama livre arbítrio. Agimos porque queremos, mesmo que em algumas ocasiões essa ação seja contra nossas vontades. É como sonho que se torna pesadelo, indesejável momento pedido por nós!
Essa noite sonhava que era um Jaguar, uma fera enorme toda negra perdida na noite. Eu era como o próprio filho da noite, escuro, invisível, misterioso e tão notável. Meus olhos eram como estrelas, amarelados, brilhantes, admiráveis e ao mesmo tempo observadores. Observava tudo, o sussurro do vento, a canção das arvores e o suspirar dos animais que entravam na viagem do sono. Enquanto todos no bosque dormiam, apenas eu, um enorme Jaguar estava desperto e disposto. Enquanto todos se aventuravam no reino da fantasia eu construía meu próprio mundo, solitário como um felino deve ser. Por ultimo nessa linda noite sentei sobre um enorme rochedo que estava acima de tudo e de todos, era incrivelmente uma montanha de pedra. Lá nem mesmo os símios podiam escalar, acima do maior carvalho, acima da mais alta palmeira, onde se podia do topo enxergar as nuvens de cima. Nesse rochedo onde apenas os Condors podiam sobrevoar e quem sabe a imaginação de um ou dois homens durante o sono eram capazes de adentrar, que eu, uma solitária fera sentei.
Soltei um rugido estrondoso, tão alto que ainda sim ninguém na floresta pode ouvir. Nesse momento, sobre o oriente, o maior de todos entre nós da natureza surgiu suspenso no ar. Tudo gravitava a seu redor, nada era maior que ele. Despertou e sussurrou como se dissesse: Não devo nada a ninguém e de mim o dia nasce e tenho o poder de acordar todas as criaturas desse mundo. Nesse instante quando o sol pintou o céu de vermelho, eu, assim como o astro maior despertei. Em forma de homem acordei de um sono profundo tendo em mente um único objetivo. Voltar a esse mundo maravilhoso todos os dias de minha rara vida, para depois acordar e novamente ter o mesmo desejo.

(David Lugli - 2009)

Entre a verdade e o objeto

Aqui venho narrar em breves palavras o obvio, porém a verdade! O problema de observar as situações, os momentos, suas características e mudanças são que suas verdades pessoais aos poucos e no decorrer do tempo vão se esvaecendo até se tornarem fumaça. Uma fumaça incontrolavelmente sem forma, a primeiro momento, que a sabor do vento vai se modelando e se transformando em novas verdades.
É assim que uma verdade se estabelece, se transforma, remodela-se e se restabelece. Todas as verdades existem para serem transformadas, mas ela no presente se fixa no pensamento humano coordenando e direcionando os nossos anseios e pensamentos.
Ao contrario das verdades que são abstratas e aparentemente mutáveis temos os objetos, que são concretos em essência e aparentemente imutáveis. São eles, exatamente, a forma de quem os criou, ou melhor, são a própria materialidade do pensamento de quem os fez. Os objetos são imutáveis porque são pensamentos congelados, materializados e cheios de intencionalidade e desejos. Ao mesmo tempo são simbólicos e funcionais, são os testemunhos de nossa existência.
O objeto a primeiro momento foi criado para dar a luz ao pensamento no sentido literal da expressão. Tendo colaborado em sua função primogênita servirá de legado para o futuro. Outras pessoas o verão de formas e simbologia diferenciadas daquela na qual foi primeiramente criado. Muitos olhares irão interpretá-los, mas nenhum irá decifrar seus segredos pessoais ocultos.
Os olhares mudam, junto a eles as interpretações, mudando assim as próprias verdades, o que era ontem hoje não é mais, o belo e o religioso do passado se transforma em exótico no presente. Meu próprio pensamento não me deixa mentir, passou, transformou-se desde que pincelei as primeiras palavras desse texto, mas o objeto, esse continuo estático, justo e fiel, representa calado e discreto estritamente o pensamento de seu genitor.



DAVID
2008

A FOME DOS GAFANHOTOS

Estou tão louco
Como sou insano
Como posso ver essas coisas?
Porque critico esse estilo de vida?

Esta tudo bem, esta tudo bem.
Assim se deve proceder
Hei! Você está contente com sua vida?
Hei! Psiu! Animais, araras, onças...
Não têm muitos agora para falar-me
Como está senhor rio? Senhor é com você, como está?
Acho que ele não responde mais!
As arvores, cadê as imensas arvores?
Melhor falar com as canas
Quantas canas, mas elas nada dizem.
Acho que elas não sabem bem nossa língua
Vou dialogar lá no pasto com a senhora vaca
Mais tenho que ser rápido
Ela está apressada para o abate

Á! Casa Nova, Sobradinho!
Já se foram também para um eterno mergulho
E o Paranazão, suas imensas várzeas.
E os veados campeiros
Adeus, adeus, vejo vocês em um globo repórter.

Olhe lá um lobo Guará!
Deitadinho, na beira da estrada, todo estraçalhado.
Soja, soja, soja, nossa mais soja!
Cadê o cerrado e as suas frutas típicas que me falaram?

Gafanhotos fazem isso!
Eles têm muita fome
Eles têm muita sede
Eles comem de mais
Mas, sossegue você.
Enquanto os gafanhotos prosseguem!

Amazônia para que?
Você por acaso já foi para lá?
Então, o que te importa?
Melhor no sofá a vendo pela TV
Enquanto os gafanhotos
A comem demais!

Relaxe... A vida é assim
Deixe acontecer
Faça sua parte viu!
Faça o que os gafanhotos pedem
Não jogue o lixo na rua
Converse com seu vizinho
Não gaste tanta água menino!
Os gafanhotos têm mais sede
Deixe toda água para eles
Para suas pastagens, seus canaviais,
Seus imensos campos de soja
Deixe o lixo para ser jogado por suas indústrias
Por suas usinas e grandes magazines.
Deixe os gafanhotos, melhor! Trabalhe para eles,
Ame-os talvez
Eles te pagarão uma merreca por tudo isso
Pois eles têm mais fome,
Eles comem demais...

(David – 11/09)

sábado, 14 de novembro de 2009

Sobra a Ilusão

Obs: Escreva o que pensa, que mal há em se expressar, quem sabe o que diz não seja importante a alguem, a si mesmo ou ao eco que sempre responde!

As florestas derrepente desaparecem
A pobreza rapidamente se expande
A violência, essa, nos consome
E a ilusão continua a perpetuar

A ilusão é uma membrana fina
Pelicula de mentira
Quase imperceptível
Sendo a inverdade que mais consome

Há aqueles que enganam
Existem aqueles que se deixam enganar
Não sabemos muito além da mentira
Nunca transpomos a cegueira
Traimos a voz primeira
Que sai do próprio coração

Não há profundidade naquilo que vemos
Não há percepção naquilo que sentimos
Não conhecemos a emoção da própria vida
Ainda somos engrenagens
Apenas os brinquedos mudaram
Modernizaram-se e ganham-nos pela novidade

Refletindo só e sóbrio
Me pergunto o que há na pedra
Que eu não consigo ver?
O que existe no enigma da vida
Que eu não consigo descobrir?
O que se esconde no alvorecer do dia
Que eu não consigo achar?

Questões simples de se fazer
Conclusões dificeis de obter
O que posso responder hoje
Mesmo que escorregando na ignorância
É sobre a ilusão que nos engana!

Dinheiro para lavar a alma
Morte para gerar riqueza
Assassinato para satisfazer o paladar
Governo para me controlar
Estado para construir nação
E a amizade...Para que?
Respeito aonde?
Paz em guerra?
Viver a vida rodeada de mortes
Conforto e riqueza envolto a miséria!

Sorria amigo a vida é bela
Porém é ilusão acreditar
Que a vida seja isso
Que vivemos todos os dias!

(11/09)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Suavemente sentindo o leve som paganiensi,
Ondas a levitar meu pensamento cansado,
As cordas vibrando ritimadas ao sentimento variável,
Mostrando a incerteza do momento ou refletindo,
A mais pura imagem concretizada do ser autor.

Nesse clássico momento relaxante,
Vejo dias inglórios, de fracas vontades,
Sinto dias em extase surreal.

joão tozzi 26/10/2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A PEDRA DO PERDÃO

Bartolomeu bateu por três vezes na pedra
Fiasco de esperança, possuía em seu coração,
Para que ela se despedaçasse
E batendo ele por três vezes na pedra do perdão
Observou que a resistente rocha não se esfacelou
Jogou-a de canto e continuou a seguir seu caminho

Nobre e solitária pedra do perdão
Resistente as intempéries,
Permanece as margens dos caminhos dos homens
Astuto são os homens que se arriscam a quebra-la
Gloriosos aqueles que conseguem!

Por muito tempo, a pedra do perdão foi olhada
Porém, incompreendida foi esquecida
Era muito resistente à aqueles frágil da mente
Dura e pesada aos egocêntristas
Nem mesmo os altruístas de plantão
Ousavam quebra-la
Tinham medo que sua verdadeira essência se revelasse

Muitos homens são como cachorros domésticos
Dentro do lar são corajosos e valentes
Murmuram alto e possuem razão assustadora
Mas, basta que lhes abram os portões
Para colocarem o rabo entre as pernas
E andarem escondidos pelas sombras de seus próprios medos!

Havia homem no mundo a quebrar tal pedra?
Homem corajoso e despossuído de mascara?
Homem com a coragem e o equilíbrio da mulher?
Homem com a curiosidade e a leveza de uma criança?
Homem vivaz e com sede de aventura como o jovem?
Homem de maturidade e paz espiritual como o idoso?
Enfim, homem de pés no chão que prefere o hoje
Do que a ilusão do amanhã?

Passou aquela manhã tal homem
Que desapercebido tropeçou na referida pedra
Exclamando o homem ignorante de hipocresias
O que fazes aqui pedra tão dura e resistente?
Nesse caminho não passarás ninguém a saber utiliza-la
E o homem desprovido de hipocresias
Coletou a pedra com esmero
E a colocou em seu rude saco de couro

De volta ao lar, sábio das coisas simples da vida,
Não desejou tal homem simples quebra-la
Com areia e agua pôs a abrasar a pedra bruta
Com dedicação e trabalho, ornamentou a pedra do perdão
Deixando-a mais polida e lustrada
Dedicou o homem muito empenho na confecção da rocha

Quando terminou o árduo trabalho
Olhou bem a pedra que acabara de polir
E reparou que ela refletia sua própria imagem
Todas as suas ações, seus movimentos e seus atos
Tudo era capturado e refletido pela pedra polida do perdão
E observou o singelo, mas sábio homem
Que não se deve esquecer ou simplesmente "quebrar"
Uma infeliz lembrança para que se perdoe alguém
Mas deve-se polir tal lembrança
E ver com seus olhos que, o que fazem a você
É puro reflexo do que você faz aos outros!

E assim o homem passou a enxergar melhor a vida
Pelo verdadeiro reflexo da pedra polida do perdão!

(David - 05/10/09)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Chocolate

O chocolate é como a vida...

Há momentos que experimentamos
O seu sabor amargo
Mas, quando queremos
Degustamos seu doce inesquecível

Assim como a vida
O chocolate tem sabores e cores
Dias são negros
Noites são brancas
Podemos apimeta-lo
Ou comer com um simples morango

Não importa sua escolha
Ou qual momento está vivendo:
Amargo, doce, branco ou negro
O chocolate como a vida
Sempre nos oferecem
Momentos de maravilhas!!

(David-28/09/09)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Eu só queria te oferecer uma rosa,
Um perfume, um bolo de milho,
Um abraço e um beijo.

João 23/09/2009

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A realidade, a percepção e o saber

A realidade

Frente aos olhos
Por de trás da imaginação
Sob as mãos da sensibilidade
Vivemos na realidade
Mecânica e perfeita
Obra inteira e semiológica
Da relação entre o homem e a natureza

A percepção

Como fina areia,
A realidade escapa-nos
Pelos vãos dos dedos
O pouco que sobra
Entre as parcas dobras da mão
É a nossa percepção
Da realidade
Infinita da natureza

O saber

O que fazer com a sobra da percepção?
Transformar de novo em realidade
Realidade humana que escapa do sensível
E através do método
Torna-se científico
É o saber da realidade
Compreendida pela percepção
Convenção estranha e imperfeita
Da realidade infinita
E metafísica da natureza!

(Quadros de Natureza - David - Setembro/2009)

Novos Haikai's

Passarinhos cantam
Ao amanhecer
Do belo acordar


Luz infinita
Do amor impossivel
Ilusão universal

Lua sóbria
Nuvens cinzentas
Manhã de chuva

Acordo criança
Levanto adolescente
Pelo leito da vida

domingo, 13 de setembro de 2009

Porque sou assim

Começo, escrevo, lembro,
Como nunca esqueci aquele olhar meigo,
Nunca deixei que esvaisse de minha mente, coração.

Porque sou essa emoção, esse coração, romance em desunião.
Sou esse caminho, essa escolha imposta.
E não há o que fazer a não ser,
Sentir e reprimir, nunca.

Sentir e sentir, porque sou essa emoção.
Essa lembrança,
Você em meu coração.

Porque faz tempo e você nele mora,
Você se fez morar em pobre lugar.
Porque sou esse coração, essa ilusão.
Você, linda, um sonho,
Em um fôlego, porque sou chagas.

E a chaga é a minha lição,
Meu moinho que gira em meu peito,
Trazendo a força motriz,
Que me leve, mesmo sem sorrir.

Porque não tenho sorriso,
Engano e me engano.
Tento, mas te guardo, porque adoro te guardar.
Tua lembrança em mim sempre a brotar.
Porque rego, cuido e cultivo,
Você, porque sou o agricultor, colheita de dor.

Porque a semente não é agora de amor,
É a semente do agricultor que planta a dor.
Mas eu cuido e cultivo e te rego e bendigo.
Te quero, te adoro, acho que amo.

Porque sou pensador,
No amor que traz a dor,
Porque me lembro e quero e penso.
Me lembro, me doe e doe.

Porque gosto, mas sofro, queria e não tenho,
Porque quero e não tenho, me lembro.
O pensamento, você, porque escolho e quero.

Porque odeio não te ter, mesmo na dor,
Odeio não te ter, odeio não doer.
Porque sou assim, você.

João 13/09/2009

sábado, 15 de agosto de 2009

As varandas da vida

Vento, vento, ar fresco
Sonhos, sonhos, afresco
Vida, fonte, monte
Varandas da vida
Linda como fonte
De monte no pensamento!

Sol, lago e mar
Natureza, homem, cidade
Estada de ida, ou de breve passagem
Margem, rio, largo, vida, minha!

Nunca, desespero, jamais
Vida, perceba-a, sinta, reflita
Posse! De que? de nada?
Posse, de vida, sabedoria!
Fonte incessante de harmonia

Varandas da vida
Sinta e viva!!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

HAITI

Foram monstros saidos do inferno
Beberam vossos sangues e depois tiraram sarro
Beberam vossos runs na sala do esculacho
Então me calo para também não me ferrar
Na falta de amor, não há o que contar
Quando olho a falta de dentes
E um sorriso pálido

Diante a lama e o lixo
Brincam as crianças e enterram seus velhos
Os adultos contrários e contraditórios
Se amontoam em feiras, beiras e becos

Dístituidos de se lamentar
Lamentam-se por não ter onde morar
Fogo cruzado e conflito social
Explorados, reflexos do mal

Escravizados pelo orgulho central
Viviam entre cruzadas e chibatas
Pintavam a América de negro
E por onde iam, infelizmente,
Lhe acompanhavam o vermelho
E como feitiço, na bela ilha
O verde se acabou

A criança chora e a mãe se debate
O lixo os consomem
E eles consomem o seu lixo
Desculpem o meu trocadilho
Mas, não faço isso por rimar
Talvez, vontade imensa de chorar

O esgoto é o amigo da rua
E a casa a figura de vossas ruínas
Lembrem! Se há o que lembrar
Que eram guerreiros
E foram os primeiros das Américas
A se libertarem!

(David - 04/07)

Brixton, Bronx

O que as paredes pichadas têm prá me dizer
O que os muros sociais têm prá me contar
Porque aprendemos tão cedo a rezar
Porque tantas seitas têm, aqui seu lugar

É só regar os lírios do gueto que o Beethoven
Negro vêm prá se mostrar
Mas o leite suado é tão ingrato que as gangues
Vão ganhando cada dia mais espaço

A poesia não se perde ela apenas se converte
Pelas mãos no tambor

Que desabafam histórias ritmadas como único
Socorro promissor

Cada qual com seu James Brown
Salve o samba, hip-hop, reggae ou carnaval
Cada qual com seu Jorge Bem
Salve o jazz, baião, e os toques da macumba
Também
Da macumba também

Marcelo Yuca, Nelson Meirelles, Xandão / Marcelo Falcão / Marcelo Lobato

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Confiança

Felicidade grande, valores mundanos,
Invertidos, falso sorriso.

Vida minha me conduz,
Me ensina caminhar,
Meu coração escutar.
Palavras de amor,
Não mais prosternar.

Coração que fala a verdade,
Combate a falsidade.

Sou um pobro, choroso,
Sei o que fazer,
Mas não consigo entender.

Por que essa lembrança,
Insiste em aparecer?

Quando me acho livre,
De você um instante,
Onde passo escuto,
tua voz sussurrante.

Tudo me parece estranho,
Sou cego em caminho torto,
Mas deixo a mercê,
Ao acaso, esse encontro com você.

Deixo para a vida,
Me levar como a maré,
Me entregar a você.

Se caso valha,
Felicidades mil,
Sejamos felizes,
Sem ao menos um pio.

Aceito, ó Vida de Amor,
Essa prova maravilhosa,
Que me faz crescer com a dor.

Essa caminhada espinhosa,
Esse encontro de beijos e abraços,
Com a cabeça recostada,
Em meu leito acanhado.

Lembro-te, vem-me,
Teu sorriso que me persegue,
Teu abraço que me acalenta,
Tua voz que me sustenta,
Essa lembrança que me atenta.

Me atormenta,
Mas me acalma,
Me banha a alma,
Me cativa o espírito,
Padece num suspiro.

João 24/07/2009

sábado, 11 de julho de 2009

SIM




Dizer sim!

Já parastes pra pensar que exercitais pouco esta palavra?

Para tudo tendes uma desculpa:

Cansaço, preguiça, medo, preocupação com o que vão dizer ou pensar.

Pare tudo!

Dê uma chance a vida, ouse!

Pensais que por inúmeras vezes que vós dissestes não as oportunidades, perdestes pelo menos

outras duas advindas da primeira.

Se vós realmente tendes um objetivo na vida, digais sim as pequenas oportunidades que vão

aparecendo em sua vida tanto no ramo profissional, como afetivo, social e intelectual.

Vamos tomar uma "breja" agora?


CIRO R. PIRES

10 / 07 / 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Amor Plutônico

I

Nesse limiar da razão emoção,
Pensando na vida como um grande turbilhão,
Idéias, pensamentos, sentimentos...

A língua fala, nem sempre o que pensa o coração,
esconde do mundo usando a razão,
mascarada para todos fugindo da emoção.

O corpo reage, luta e se mostra,
Refém vitimado do ato impensado.
Os devaneios afloram e a realidde se faz.
O cérebro vive e revive o falso estrelar.

A expectativa germina e como plântula ao Sol,
Cresce e determina que a decepção
será o grande carrasco do pobre coração.

Como criança ingênua ao presente esperar,
Imagino, crio, vivo
E desse sonho não consigo despertar.
Alguns, de paixão o chamam,
Outros, o que sente os que amam.

O que sente os que amam, chama-se amor,
Que à felicidade não chegam
Sem passar pelo caminho da dor.

És a verdade, a minha verdade,
Que vivo esse Plutônico Amor,
Na minha realidade,
Distante, além do mundo que estou a habitar.

Por mais que me esforço,
Não imagino como alcançar,
Esse mundo ilusório chamado "amor"
Que em minha mente veio germinar, degenerar.

Você que nele vive,
Apenas tua a lembrança a me alegrar,
Ou em dias tenebrosos, minha chaga cutucar.

As leis são respeitadas,
Pois não há como mudar,
Volto, e ao chão estou novamente a pisar,
Continuando a caminhada,
Sem ao menos a tua resposta escutar.

II

Imagino teu silêncio,
Como cala um coração,
Evitando assim a dor da decepção.

Imagino-te distante,
Como o vento que ao lado desfila exuberante,
Mas na ilusão dele abraçar,
Como a lua a iluminar
Numa distância real,
Sem nada perto chegar.

Como em todos eles, cá estou,
Admirando-te a realeza,
A beleza a suavidade,
Como a brisa a tocar,
O brilho da lua vigilante,
Sem poder abraçar.

O que mais quero,
O brilho da tua alma,
Àquele que perto de tí ficar.
Que onde passar o frescor levar
E caminhos iluminar.

João 21/06/2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sonho

Parece pueril, mas é doce e sutil,
Aparenta distância, mas é no entanto,
Íntima a sensação que me desmancha.

Meu coração, me fala diariamente,
Me fazendo lembrar de você constantemente.

Seu sorrizo se fez eterno,
Em um sonho, te vi bela,
De mãos enlaçadas, volitando pela Terra.

Entre paisagens monumentais,
Céus colorados e sensações descomunais.

Passeando pelo belo,
Coloridos pássaros se faziam concretos.

A beira de um lago,
Teu abraço era um afago.

Minha alegria era interminável e
Nessa noite tão real,
De surpresa tal,
Apenas a doce lembrança,
De ter tido você ao meu lado.

João Tozzi 01/06/2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

Recomeços

Recomeços

conturbados, imperceptíveis e traumáticos

nem sempre a escolha é sua

tenha serenidade mesmo que seja difícil



As coisas no mundo se transformam

um dia você está por baixo

e quando menos se espera

as nuvens te dão carona



Mantenha-se com uma base sólida

estude muito e seja justo

cultive boas amizades

e seja humilde em suas atitudes com o próximo



A recompensa vem como uma herança

daquelas que nunca se espera

e que é fruto da história de vida

faça por merecer





Ciro R. Pires

16/03/2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

Lágrimas

Tristes lágrimas a despencar,
Pois o velho coração está a chorar.
Essa chaga que não fecha.
Essas lembranças que não cessão.

Lembranças de dias felizes,
Todavia, era o que sentia,
Mesmo assim não sabia.

Mas será que esse é o fato?
Triste marco no meu passado?
O que te mostro,
Nem mesmo eu sei se posso,
Confiar e me entregar,
A esse sentimento, que se faz me enganar.

O que possa ser, idéia não me vem,
O que possa causar, eu mesmo não sei falar.
Apenas vejo lágrimas e pouca à luz a brilhar.

Aqueles dias que pereceram,
Pelo tempo impiedoso,
Ressurgem lentamente,
Me trazendo muito desgosto.

Sinceramente não sei quais são,
Apenas faziam feliz meu coração.

Dor angustiante,
Ferida aberta, minha amante.
Hoje convivo com ti,
Esforçando-me para sorrir,
Nesses dias obscuros,
Que meu destino obtuso,
Me consedeu sem escrúpulo.

No entanto, ainda sei,
Que o que sinto é para o bem.
Assim passo os dias,
Confiando e esperando,
Dias mais felizes enviados pelo céu,
Para esse ser que em demasia,
Sofre feito réu.

João Tozzi 12/03/2009

domingo, 8 de março de 2009

Amar / chorar

De todos aqueles que nos antecedem,
Nos ramos da gingantesca árvore da vida,
Que divide a grande diversidade filogenética,
O homem, se auto classifica o racional.

Olha para baixo, como se a querer ver formigas,
Formigas em seus pés.
Olha para os lados, como a procurar,
Procurar por algo para disputar,
Envaidecer e ainda grande se fazer.

Não tem capacidade de igualdade,
Ignorando o compromisso social,
De manter o mesmo direito a vida,
Que a ele se dedica.

A igualdade se vai,
E em demasia, se acha em grande partida.
O introspecto se multiplica,
Como estruturas funcionais carcinogênicas.

Não percebe limites,
Não os vê, muito menos crê,
Que para tudo se deve manter,
Equilíbrio e mútuo respeito.

Ao saturar de ignorância,
E muito chorar pelo sofrer,
Espera nessa estado,
o despertar consiencial.

Percebe que o que o engrandecia,
Hoje é fútil e sem valor.
Habilidades novas vão surgindo,
Naquele que quando criança,
Apenas sofria.

Amar, amar, amar,
O que mais se pode esperar,
De uma vida sem sentido,
Sem estímulo, de muito martírio?

Amar e amar, esse o grande despertar,
Esse o grande desafio a superar.
Chorar, não mais, sofrer,
só se por não conseguir ajudar.

Amar, não mais chorar,
a não ser por um amigo levantar.
Chorar, não mais.

Soluços... a paz está a chegar!
Quero mais que tudo,
Meu ser dominar,
Sem que haja mais o chorar.

Lágrimas da tristeza,
Quando essa chaga curaremos?
Ao amar, sentirá, o balsamo salutar.

Quando ama, se doa,
Quando se doa, se esquece,
Quando se esquece,
Se engrandece e,
Ao engradecer, se fortalece,
E quando forte, não mais a vida pela sorte.

João 08/março de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

INSPIRAÇÃO

Inspira depois expira
Enche teu pulmão com todo ar
Aproveite devagar
Raro momento de inalação
Agora venhá até aqui
Se junte as ondas do mar
Elas colidem uma a uma
Como batidas do coração
Formando um belo par

Inspira depois expira
Enche tua alma de emoção
Repare bem a música do espaço
É o vento! E vem ele de onde?
Não sei bem!
Mas, carrega pólens, fumaça, histórias
Traz de longe seu vai e vem

Inspira depois espirra!
Nele há bactérias e germes
Essa tosse, esse resfriado
Dizem que já passa
Tome essa bebida
Depois essa aspirina
Não se esqueça do agasalho
Com esse vento gelado
Só vai piorar!

Inspira depois expira
O coração acelerado
Acompanha um ritmo descompassado
Deve ser da doença do mundo
São vermes, virus...?
Amontoados parecem cães
Separados são como moscas
Mortos são podres e fétidos!

Inspira depois expira
Se o cheiro não lhe agrada
Então vomite
Limpe de sua alma
A carniça do mundo
Defeque de seu intestino
O que comeu e não lhe fez bem

Inspira depois expira
Saia dessa roda agora
E pare de girar em falso
Dentro desse falso sistema
Ande só e livre
Despreocupado em criar mundos
Se não tu nasce morto
E acaba se enterrando vivo
Rindo na sepultura do que não fez
E arranhando seu caixão de madeira

Inspira depois expira
Livre desse peso que te consome
De leveza a sua consciência
E a perdõe, pois, tudo que fez
Lhe foi obrigada
Não à iluda novamente
E repare como é pertinente
Viver dentro dela
Construa sua casinha
Dentro de sua alma
Fujas! Não tenha medo
Não és covarde
Sim é aquele que fica
Fazendo covardias
A seus irmãozinhos da terra

Inspira depois expira
Se algo não lhe agrada
Ou se alguém tenta feri-lo
Esses, digo a vós
Não conseguirão jamais
Se tua paciência estiver em tua paz
Pois então ferir-ão o seu ego
E depois de machucado
Ele irá morrer e será menos um a te afortunar

Inspira e depois expira
Talvez consiga ressoar
Dentro de seu solitário eu
O famoso som cosmológico do AUM
Então entre em meditação
E transforma sua reflexão
Em absorção da razão
Quem sabe assim abondone sua inteligência
E finalmente conquiste a sabedoria!

(David - 09/02/2009)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Alfabeto

Abacaxi, abacate, abobora.
Abra, agora Agnaldo!
Alberto, abriu!

Besteira, bobeira,
Brincadeira besta!
Bobeira.

Caracter, caráter, Caracas,
Caramba, carambola corada,
Cadeira, carvalho cortado.

Demora derradeira,
Dente doente doído,
Dentista doido demente.

Edema estático,
Estátua idêntica,
Espuma explêndida.

Fumadores flamejantes,
Folga fantástica,
Folga fumegante.

Gargalhada gracejante,
Grama grande,
Grinalda gritante.

Horácio, Honório,
Hebe honesta???
Hora, horrível!!!

Idolatria idiota,
Isso infelicita,
Ignora!!!

Jamelão, João,
Jeremias jeitoso,
José Jerônimo.

Leia lentamente,
Literatura levada,
Leonora luterana.

Maria matrona,
Mãe madrinha,
Mulher mundana.

Navio negreiro,
Nuvens nevada,
Nenhum, nada!

Opaco, otário,
Ontário, Olavo,
Obséqui obestétra.

Pato perneta,
Pernil pelado,
Parece parado.

João 09/02/2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A ordem dos fatores alteram o produto

O começo pelo fim
não muda o trajeto
pelo menos na soma total
apesar da sequência invertida

Viva cada momento
aprecie as pequenas conquistas
minimize os erros
aprenda que cada ruga no rosto
demonstra mais vivências
a harmonia da vida está
no equilíbrio

Afaste de você os pessimistas
traga para o sua vida
o que te faça sorrir
embora algumas vezes
você possa chorar

Chorar é como varrer
limpa a alma
por isso quando esbarrar
com um varredor de rua
o acolha,
ele precisa do seu sorriso
para sujar as suas lágrimas.

Ciro 05/02/2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Un Rêve Dans Français

Dans ma marchè
Je suis toujours plaisantes
Le quand moi vais me baigner
Dans lac de bonheur
Je toujours porte pour moi
Beacoup de sourires

Quand j´a volonté de marcher
Je ne s'arrêtent jamais
Et donc je suis!
(David - 02/02/2009)

Tradução

Um sonho em francês

Em minha caminhada
Eu estou sempre brincando
E quando me banho
No lago da felicidade
Levo comigo
Muitos sorrisos

Quando eu tenho vontade de caminhar
Eu nunca paro
E assim eu sou!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Árvore da Vida

O conhecimento
É o fruto do ser
A vontade e o trabalho
Sua força motriz

As idéias são como flores
Podem gerar frutos
Quando não...
Murcham e cãem
Todas ao chão

As sementes
São o suprassumo
Do fruto
Germinam vidas,
Novas idéias e
Constrõem conhecimentos

A arvore pomposa
Tem idéias
E faz nascer
Em seu seio flores

A arvore da vida
Gera conhecimento
E faz transformar
Flores em frutos
Nas mesmas palavras:
Idéias em conhecimento

E por quê em seu seio
As flores não murcham
E caem todas ao chão?
Porque a arvore da vida
Deposita em seu trabalho:
VONTADE!

E Deus permitiu que
De todo fruto
Haja uma semente
Uma nova vida
Que nunca desanima em nascer
E faz brotar o novo:
Novas vontades,
Novas idéias,
Novos conhecimentos e
Novas vidas!

(David - 26/01/2009)