"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Entre a verdade e o objeto

Aqui venho narrar em breves palavras o obvio, porém a verdade! O problema de observar as situações, os momentos, suas características e mudanças são que suas verdades pessoais aos poucos e no decorrer do tempo vão se esvaecendo até se tornarem fumaça. Uma fumaça incontrolavelmente sem forma, a primeiro momento, que a sabor do vento vai se modelando e se transformando em novas verdades.
É assim que uma verdade se estabelece, se transforma, remodela-se e se restabelece. Todas as verdades existem para serem transformadas, mas ela no presente se fixa no pensamento humano coordenando e direcionando os nossos anseios e pensamentos.
Ao contrario das verdades que são abstratas e aparentemente mutáveis temos os objetos, que são concretos em essência e aparentemente imutáveis. São eles, exatamente, a forma de quem os criou, ou melhor, são a própria materialidade do pensamento de quem os fez. Os objetos são imutáveis porque são pensamentos congelados, materializados e cheios de intencionalidade e desejos. Ao mesmo tempo são simbólicos e funcionais, são os testemunhos de nossa existência.
O objeto a primeiro momento foi criado para dar a luz ao pensamento no sentido literal da expressão. Tendo colaborado em sua função primogênita servirá de legado para o futuro. Outras pessoas o verão de formas e simbologia diferenciadas daquela na qual foi primeiramente criado. Muitos olhares irão interpretá-los, mas nenhum irá decifrar seus segredos pessoais ocultos.
Os olhares mudam, junto a eles as interpretações, mudando assim as próprias verdades, o que era ontem hoje não é mais, o belo e o religioso do passado se transforma em exótico no presente. Meu próprio pensamento não me deixa mentir, passou, transformou-se desde que pincelei as primeiras palavras desse texto, mas o objeto, esse continuo estático, justo e fiel, representa calado e discreto estritamente o pensamento de seu genitor.



DAVID
2008

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