"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Terra Divina

Pés descalço na areia, grande mar de frente,
fundo ao seu lar, te pergunto ó Pai,
por que tamanha casa nos destes.

Lar de alegria, em baixo da palha seca coqueiral,
sinto essa sinfonia, ondas a estourar, areia a espalhar fazendo então,
meus olhos lacrimejar.

Divina alegria, paz interior, a praia da minha vida,
sempre essa banhada de amor.

Cabloco do barco, palheiro a pitar,
ancorou instrumento, da pesca a terminar.

Fartura de peixes, fome a saciar, da familia humilde,
que Deus veio presentear. Pai de amor, assim glorifica,
gente da gente, que de fato se beneficia.

Mundo Maior, obras de Deus, na vida de um povo,
que sofrendo cresceu. Casa bendida, presente de Luz,
toca o coração como irmão que conduz.

Maria minha nega, não pega não traga,
essa vida amarga de ódio e rancor.

Nega Maria, de pele sofrida, escrava da vida a resgatar.
Cala teu ódio, engole teu pranto, perdoa patroa para assim Deus amar.

Ama irmã o teu pobre semelhante, que chora como tu
em teu semblante. Esquece da vida, da carene sofrida,
lembrando pra sempre de um espírito valente.

Irmão Maior que à Terra desceu, ensinado com amor,
seu "eu" esqueceu, glorificando com louvor,
nos envolve em paz e amor.

2 comentários:

Sue Ellen disse...

O mais interessante é observar as condições de produção dos poemas de vocês. Veja a diferença entre os que se produz em mesa de bar (regadas de breja..) e as que são feitas na reflexão do lar.. bem diferentes, não?
Parabéns, Jão.. muito bonito seu poema!
bjos!!

Unknown disse...

Lindo lindo. ..