"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Do Outro Lado da Lua II

A lua se faz misteriosa
Ao fugaz observador terrestre
De dia se faz imperceptível
De noite se torna imcompreensivel

Mas do outro lado de lá...
Onde ele é todas as pessoas
E também todos os lugares
Naquele mundo novo
Ou talvez tão velho como sua vida
Naquele mundo fantasioso
Embora as vezes espantoso
Que o faz acordar
Dos longos dias vividos!

Está ele a flutuar, fugindo de alguém
Logo agora se encontra ali e acolá
Já nem mais sabe!
Tudo passa como um filme
Quadro a quadro
Como em uma aquarela
Esse filme se parece misturar

De repente diante do caos a se ordenar
Surge breve em seus devaneios
Uma imagem tão clara
Que mal pode enxergar
É a imagem de nossa Senhora
Que faz parte da lua iluminada!

Mas não mais que de repente
Tudo passa e a parte a iluminar
Se torna negra e cruel
Tão cru como a carniça a definhar
Em seu breve momento de pesadelo
O som se perde, a luz se apaga
E o medo se confunde ao mal cheiro!

Quero a luz, quero a luz!
Diz o pobre menino
Com medo de seus anseios
E incapaz de acordar

Aquele breve momento de trevas
Também fica para trás
E a luz ofuscante
Novamente volta a brilhar

Virgem maria!
Diz o jovem inocente amedrontado
E como em passe de mágica
A jovial beleza daquela mulher
Transforma-se em rugas de amadurecimento
E ela agora velha, não hesita em dizer:
Meu jovem! Filho meu!
Oro a ti e a todos os seus irmãos da terra
Mas tu e todos eles... Sem piedade
Não conseguem ao menos abraçar
Vossos irmãos!
Eu agora em rugas de envelhecimento
Caio em prantos
Por todos os dias terrestres
Quando vejo meus próprios filhos
Se aniquilando!
Crueldade que só uma criatura pode querer!
Ame meu filho, ame a todos
Como se fosse a única coisa a se fazer
Hoje, amanhã, agora!
Não desperdisse seu tempo pensando em ti
Não dê asas a seu egoismo
Nada levará daí, apenas seu amor
Penetrará pelas portas de saída
De sua vida material
Pense em seus sonhos
Quando em um deles te faz fortuna
Sonhas que és rico e poderoso
E quando acorda nada tem!
Aqui meu filho, só chegará o preparado
Aquele que depositou amor a seus irmãos
Merecerá o colo da mãe divina
Aquele que depositou amor material
Então já atingiu suas vontades
E se arrastará pela terra até depois
De sua morte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei das palavras da "Virgem Mãe"...Mas que a teoria ñão nos envolva além da prática, que as idéias não nos cegue a ponto de só a elas gastar as forças e energias produtivas. Que acima de tudo o produto da idéia sagaz nasça, que rosto sue, e que o braço doa sempre em prol do próximo.