Tinhas as mãos trêmulas
Era velho e incapaz de falar
Sofria as dores do osso
Vência as deficiências mentais
Era velho e tolo de um só olho
Mas era o dono da rua
A rua não precisava de dono
Nem sua vida de aptidão
Mas, sem feito algum
O velho era o dono da rua
A rua era estreita e suja
Não tinha saída a lugar nenhum
Poucos sabiam como nela entrar
O velho ali nasceu
E por milagre ali iria morrer
Pois ele era o dono da rua
A rua não tinha nenhuma importância
Por isso, a rua não tinha nome
Não tinha asfalto
Nem moradores
A não ser o dono da rua
A rua era só!
Diante a conexão do mundo
Não havia praça
Nem comércio
A rua só tinha seu dono
Alguns dizem que o velho
Da rua nunca saiu
Tinha apego tão forte
Que talvez outra rua
Jamais viu!
Ele era o dono da rua
E pronto!
Para ele nada mais importava
Do que ser dono daquele lugar
A rua era velha e suja
Não tinha calçada
Nem postura
Era escura como o velho
De um olho só!
Alguns dizem que a rua
Era o espelho de seu dono
Não era importante a ninguém
A não ser para ele mesmo
O dono da rua
Mas um dia ele se foi
E a rua também
Pois sem dono
A rua não servia a ninguém!
(David - Um dia em 2008)
"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
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