"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Um novo ano: Ventos e mudanças

O que quero fazer com as palavras? Talvez penso em fazer obras! Mas, obras literárias já não é meu foco. Não que não deseje isso. Sim, desejo! O problema é que em mim não floresceu essa capacidade, esse entusiasmo, essa intuição, a própria sabedoria das letras. Então me arrisco em poemas cheios de sentimentos, porém sem ordem, sem rima, sem vocabulário, com pouco conhecimento gramatical. Sou um escritor sim, escrevo e demonstro sentimentos, mas minhas palavras, letras, frases, poemas e reflexões são livres, soltos, voláteis.
Sou eu um artista? Não! Artistas são diferentes! Não sei explicar, não sei como é! Assim sendo, considero-me uma sombra. É! uma sombra, um reflexo, sei lá, algo que não é, não foi, está sendo, pronto para desabrochar, pronto para desdobrar-se de si mesmo, como faz a flor, a borboleta e o próprio deus. Desculpe as analogias, elas são pobres, mas assim mesmo, são reflexos de meu ser, são minhas filhas, são meus dedos, meus olhos, meus pensamentos.
Mas um ano chega e logo ele se vai e deixará um legado qualquer. Não me preocupo mais com o vir a ser. Agradeço as boas poesias de verdadeiros artistas que me ensinam todos os dias como devemos levar a vida. Melhor dizendo vivendo a vida. Levar soa como algo castigado, duro e fútil. Levar a vida seria um peso, um carma. Melhor vive-la. Viver é sinônimo de existir e a própria existência é um grande mistério e uma grande maravilha. Vida deveria ser sinônimo de liberdade também. Sem leveza, sem liberdade, a vida se torna pesada, rude e assim deixamos de existir e passamos a ser um encosto, um peso, uma ilusão. Viver então é minha mensagem para esse novo ano. Viver com liberdade. Você é seu mundo. Entendam isso como quiser, mas peço que reflitam para que não me tomem por egoísta ou egocêntrico. Não tenho mais mensagem a dar, pouco a pouco elas vão me deixando e eu vou ficando mais leve. Não tenho nada a ensinar, sou aprendiz e quero viver. Ainda não consegui tal façanha. Ninguém que eu conheço conseguiu. Raros e loucos foram os que tomaram nota da frase “você é seu mundo” e conseguiram viver, existir, voar, enfim, se libertar. Esses não nos dizem nada, se calam. Nada há nada para dizer. Não há mais espaço para novas filosofias. Nem as velhas, se quer, ainda foram compreendidas. Não há mais lugar para ensinamentos, eles jamais foram alcançados. Agora é uma nova época, um novo pensar, um novo olhar. Não esperemos mudanças bruscas. Elas também não existem. Esperem mudanças, elas virão gradualmente, suavemente. Virá acanhada, no começo, tomara fôlego, e transformará toda a existência. É uma nova vida, é uma singela mudança. Não terá mais filosofias, não virá mais religião, não existirão sequer ensinamentos. Não haverá professores, nem doutores, nem mesmo haverá fantoches. Não haverá política, sem governantes, sem reis, xeiques, sutões, usineiros, bandidos, assassinos, prefeitos, médicos, nada, nada...
Se considerares essas palavras vazias ou até mesmo sem nexo, presenciará os ventos que soprarão diferente. Serão ventos novos, um ar puro que jamais sentiu em sua falsa vida. Viverás finalmente, porque se libertará das correntes. Elas nos prendem duramente. São correntes tão fortes como aço. Mas são correntes invisíveis, elas existem apenas em nosso ser. Sendo assim, elas não nos deixam viver e trancam-nos na caverna de Platão.
Pense bem, o que falo não é anarquia, tampouco o sonhado comunismo. Não é também espiritismo ou nova religião. Pense bem, é apenas uma frase que desejo de tudo isso. A essa altura não carece mais repeti-la, eu mesmo já me canso dela. Vou-me embora desse texto, ele já está cheio de palavras, palavras e muitas palavras. Antigas palavras, antigo alfabeto, já vão dando teu adeus, nem tu resistiras os ventos dessa mudança.
DAVID (1/10).

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