"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Carta a Uma Tribo Esquecida no Coração da Amazônas

Carta a uma tribo esquecida no Coração da Amazônas

As vezes fico a pensar em deixar algum atestado
Que não seja o de óbito
À aqueles que estão morrendo

Não que estejam morrendo hoje
Mas que sempre estiveram
Após a chegada dos lobos

Então digo a estes, é aos indios
Que o mundo é muito loco
Mas não na linguagem dos hippies, ou dos doidões, mas na dos insanos

E que hoje não há mais perdão
e os corajosos de antes
amargam desilusão

Sinto que já pensei no que estou pensando
E não é que havia pensado mesmo!
É um leve devaneio, mas não sobre uma mesa de bar

Se falava dos corajosos, agora continuo...
Os guerreiros de ontem
são os reprimidos de hoje

Hoje, são os covardes que estão no poder
Pois atrás de palavras calculistas
Consomem o povo e pesam sobre os corajosos

Se antes dividiamos o pão com nosso irmão
Agora eles querem o egoísmo e a solidão
tudo isso para aniquilar as fantasias do coração

Hoje as pessoas recriminadas
matam um leão por dia
De trabalho, amargura e discriminação

Lembra daquele tempo
Que quem matava uma fera
Era chamado de bravo, corajoso...

Hoje são chamados de braçais
Peõs, ignorantes, escórias...
O crime os abastece

Digo isso a vocês, que são uma
tribo perdida no coração do amazonas
para alertar sobre o perigo dos lobos
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Queria velos agora
viver com voces, ao menos um tempo
A fim de curar das doenças da sociedade

E depois de curado
Ensinar a cura a alguém
Como faz o bom camarada

Vida em contato e interação
Sem que a pobreza e a miséria
Faça parte desse colapso de emoção

Há, antes que me esqueça
A vida de seus conterraneos
esta cada vez a deriva

Não que sejam fracos ou burros
Mas que são bravos e frageis
a barbarie do mundo

Quando viviam aí...
eram felizes e sorridentes,
fortes e corados como homens de barro

Hoje vivem magros, pela rua das cidades
quando não, mendingam na própria aldeia
desiludidos pela conversa dos lobos

Aí, sem nenhuma razão
bebem como os lobos e o povo
E toda gente que habita esse país

Assim, como remeto essa carta
que é pobre de conhecimento
careço de compreendimento

Pesso a voces, povos da floresta
Que chame a mim
o conhecimento de ti

Sei que vivem, hora ali hora aqui
mudando de ares,
quando esse não os favorece

E que também sabem caçar
e depois, sem doença
repartir o pão

Essas são coisas bonitas
de se fazer
E valorizo isso de vocês

Mas pesso que me falem
sobre o que sentem
e o que veêm

Pois sem nunca ter conhecido
a conversa dos lobos
sabem da verdade da natureza

E das lições dela apreendido
traga a nós também
e nos cure da catarata

falando o que falei
escrevo tudo que sei
sem mais delongas, de David, para os amigos da Amazônas.

David!






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