Carta a uma tribo esquecida no Coração da Amazônas
As vezes fico a pensar em deixar algum atestado
Que não seja o de óbito
À aqueles que estão morrendo
Não que estejam morrendo hoje
Mas que sempre estiveram
Após a chegada dos lobos
Então digo a estes, é aos indios
Que o mundo é muito loco
Mas não na linguagem dos hippies, ou dos doidões, mas na dos insanos
E que hoje não há mais perdão
e os corajosos de antes
amargam desilusão
Sinto que já pensei no que estou pensando
E não é que havia pensado mesmo!
É um leve devaneio, mas não sobre uma mesa de bar
Se falava dos corajosos, agora continuo...
Os guerreiros de ontem
são os reprimidos de hoje
Hoje, são os covardes que estão no poder
Pois atrás de palavras calculistas
Consomem o povo e pesam sobre os corajosos
Se antes dividiamos o pão com nosso irmão
Agora eles querem o egoísmo e a solidão
tudo isso para aniquilar as fantasias do coração
Hoje as pessoas recriminadas
matam um leão por dia
De trabalho, amargura e discriminação
Lembra daquele tempo
Que quem matava uma fera
Era chamado de bravo, corajoso...
Hoje são chamados de braçais
Peõs, ignorantes, escórias...
O crime os abastece
Digo isso a vocês, que são uma
tribo perdida no coração do amazonas
para alertar sobre o perigo dos lobos
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Queria velos agora
viver com voces, ao menos um tempo
A fim de curar das doenças da sociedade
E depois de curado
Ensinar a cura a alguém
Como faz o bom camarada
Vida em contato e interação
Sem que a pobreza e a miséria
Faça parte desse colapso de emoção
Há, antes que me esqueça
A vida de seus conterraneos
esta cada vez a deriva
Não que sejam fracos ou burros
Mas que são bravos e frageis
a barbarie do mundo
Quando viviam aí...
eram felizes e sorridentes,
fortes e corados como homens de barro
Hoje vivem magros, pela rua das cidades
quando não, mendingam na própria aldeia
desiludidos pela conversa dos lobos
Aí, sem nenhuma razão
bebem como os lobos e o povo
E toda gente que habita esse país
Assim, como remeto essa carta
que é pobre de conhecimento
careço de compreendimento
Pesso a voces, povos da floresta
Que chame a mim
o conhecimento de ti
Sei que vivem, hora ali hora aqui
mudando de ares,
quando esse não os favorece
E que também sabem caçar
e depois, sem doença
repartir o pão
Essas são coisas bonitas
de se fazer
E valorizo isso de vocês
Mas pesso que me falem
sobre o que sentem
e o que veêm
Pois sem nunca ter conhecido
a conversa dos lobos
sabem da verdade da natureza
E das lições dela apreendido
traga a nós também
e nos cure da catarata
falando o que falei
escrevo tudo que sei
sem mais delongas, de David, para os amigos da Amazônas.
David!
"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)
quinta-feira, 12 de abril de 2007
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