"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Grande Elefante

Parte I- O Domador de Elefantes

Em uma profunda viagem astral
A mulher escolhida viste o mensageiro
Tinha a aparência de um grande animal
Sobre uma luz branca livraria o mal do mundo inteiro
Em sua passagem ao planeta terreno
Nasceu em berço de ouro envolto a riqueza e dinheiro
Sabedoria transformada em desespero
Diante dos muros de seu próprio reino
Exclamou em desilusão!
Após uma intensa revelação
Um mendigo prostrado de fome e doença
Despertará novos rumos a sua visão

Quase decaído infortúnio!
Sacou um trapo de pano e um pedaço de pão
Movendo-se por estranhas sensações
Originando em seu consciente incipiente contradição
Aos olhos do mundo
Sentiu as dores dos flagelados
Esguiou-se como bicho no mato
Vencendo as aflições e os maus grados
A intensidade de sofrimento
Deturpava seu corpo por inteiro!
E junto aos outros andarilhos
Aprendia a arte do esquecimento
Esquecia-se as dores do mundo
Esquecia-se as necessidades corporais
Esquecia-se as palavras e sentimentos
A cada movimento um ar de morte e desespero!

A admiração a tamanha opressão do eu
Reconhecia-se no olhar do povo
Que se resguardando em vida cotidiana
Davam esmolas ao futuro Narayana*
Após esvaziar-se de lucidez
O caminho se tornará pedregoso
E as sensações de aniquilação do eu
Eram apenas sensações contraditórias
Esvairado e só
Sentiu profunda solidão
E entendeu que o aniquilamento
Não se transformará em evolução!

Parte II – O Despertar do Grande Elefante

Mediante ao fio que rege
O equilíbrio entre a sanidade e a loucura
O despertar do grande animal
Se revelou novamente sobre forma astral
Compreendendo as ilusões do mundo
O homem nunca estimularia o sofrimento
Sem antes trilhar por vários caminhos
Rompendo a sucessão de nascimentos
Conversou com as arvores
Olhou as estrelas, delas um enorme prazer
Sentia-se feliz e não sentia-se culpado
Alegrava-se a cada instante e a cada olhado!
Caminhava incessantemente
Procurando nada encontrar
Olhava as arvores e via apenas arvores
Cantavam os pássaros em santificada entonação!

Entendeu que a vida em seu reino
Quando jovem ainda era
Servirá a tamanha semelhança
A sua vida de penúrias e flagela mentos
Ambas mostraram a capacidade de controlar
As próprias reflexões e pensamentos
Sentimentos incontroláveis!
Diante das inconstâncias do espírito no firmamento
E pensou que pensava por ele
E sofreu sofrendo por ele
E falou falando por ele
E sentiu sentindo por ele
A porta estava sempre fechada
Diante do orgulho obscuro em atos
A porta fechava-se
Quando tentamos ser o que não podemos!

E apreendeu que tentar ser
Era a grande ficção humana
Quando a ilusão de seu próprio eu
Reside oculta no abrigo de sua alma
A vida é um jogo de cartas marcadas
Iludida pela cegueira cotidiana
No qual nos guiamos por sombras
Em um cenário de maya*
Permitiu-se a pensar mais uma vez por ele
Depois tentou pensar pelo universo
Ainda não apto a conseguir
Considerou que o caminho era longo a eterna união!

Parte III- Alcançando a União

Percorreu ele, então, inúmeros paises
Trilhou profundamente caminhos psicológicos
Elementou que a verdade era considerada uma
E que seu ser residia na unimultiplicidade
Pavimentou os caminhos do subconsciente
Fez passar por eles pensamentos incipientes
E como quase por um impulso
Pensou na incessante roda da vida
Recomendou a si mesmo:
Que cada ato, ação e objeto
Nada mais são que um conjunto de fatores
Que se alojam na mesma espiritualidade
E quase alcançando a verdade eterna
Pôs ele a adormecer
Arrebatado em alma por uma tromba de elefante
Percorreu inúmeros planetas infantes

Viajando pelas vias conectivas do universo
Chegou a um planeta em formato de rosa
Dos Botões do planeta milhares de pétalas inalteciam-se
E não havia de fato! Separações naquele local
Tudo se interligava em profunda admiração
Os botões com seu néctar doce, alimentava os visitantes
As pétalas eram um incrível caminho a percorrer
E o planeta todo vivia em profunda reflexão!
Pegando uma carona sensacional
Agarrou-se nas asas de uma borboleta
E saindo naquela rosa astral
Reparou ao longe que não era um planeta
Enquanto a distancia pronunciava-se
Observou inúmeras rosas igual aquela
E logo percebeu que não eram astros
Mais um belo e perfeito roseral

Alcançando novamente seu corpo
Pela incrível carona de uma borboleta
Pois se a despertar de forma distinta
Após um intenso sonho naquela roseta
A mente expansiva não via limites a racionalidade
O pano negro envolto a mentiras
Tornara-se um imenso véu translúcido
Atestando a liberdade do espírito
Lembrou então de forma figurada
Que quando jovem era uma gota anunciada
Levada por suave minuano
Que agora se encontrará ao imenso oceano
Oceano de idéias e compreensão
Interligados a verdadeira união
Escapando da redoma do pensamento
Transcorrendo ao povo a verdadeira religião! (David)

*Narayana, Maya – Palavras encontradas nos livros védicos, Ser Supremo e a Deusa da Ilusão respectivamente!

Um comentário:

Anônimo disse...

Marrocos demais...que crazy esse poema...meu, seus dotes escriturarios estãos se aflorando a cada letra conjugada e palavra formada...!! Sem dúvida ta marrocano digante...!!!
Leiamos para que aprendamos mais e mais a escrever e expressar.

Abraços
João