"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

terça-feira, 15 de julho de 2008

És tu como abelha?

Obrigado Senhor,
Por mais uma manhã de paz e amor!
Obrigado meu Pai,
Pelo Astro rei que nos emprestaste, a nos esquentar!
Obrigado meu Deus,
Pela natureza linda que amavelmente nos deu!

Vida, vida minha, vida nossa,
Será que há nessa vida,
Alguém que explicar-me possa?

Dizer-me sobre o ser,
Sobre o nascer e morrer,
Sobre os atos e descasos,
O turbilhão de meu ser,
Perante a imensidão,
O vácuo oriundo,
Do universo em expansão.

Será que há esse alguém?
Alguém ou algo haverá de me explicar,
Haverá de saber o porquê de nascer e morrer.
E arriscando a pensar,
Chego onde não consigo ultrapassar.

Paro na limitação que é,
Ser esse humano,
Como se os pés ainda fossem de pano.
Sinceramente, como há de haver,
Como há de ter prepotência e arrogância,
Numa partícula de vida chamada de ser.

Olho ao lado e uma abelha,
Vejo a lutar, mesmo sabendo,
Que sua existência está a findar.

Suas asas já não batem mais,
No entanto ainda está a lutar,
Em silencio, discreta humildade,
Lá está, aos nossos pés,
Acima de qualquer, com seu exemplo,
Finalizando seu tempo sem chorar.

És tu como abelha?
Pois é, ai está, por que me direi abelha ser,
Se como gente acima posso estar?
Mas como gente acima não tem,
A grandeza da abelha a baixo que a lutar está.



Não te viste como igual?
Por que olhaste para ti,
E em ti viste a diferença descomunal?
Esquecestes que natureza é,
E natureza morrerá?
És como abelha, natureza, vida, ser e estar.

Aparenta ser racional,
Mas no fundo, tua razão um dia te levou,
A tornar-te homem com paixão voltada para o mal.

Mas vejamos bem,
Se a abelha luta quieta,
Por que o homem forte,
Não se esforça para ser como ela,
Lutando resignado, como a abelha muito bela?

Tens paixões, sentimentos de introspecções,
Tem razão, voltadas apenas para o próprio coração.

E ainda chora, és vítima,
Nem a coitada sofre como nos mostram,
No fundo sentes o prazer da dor que incomoda.
És a coitada, sentindo o prazer da dor,
Que a vida te ensina a superar com fervor.
És a vítima alimentada pelo gosto das palavras,
Palavras que vos cercam de compaixão, lhe entregam,
Entregam-lhe satisfação de ser por um momento,
A grande atração.

És humano sem razão, és a esmo!
Faz-te tenso, não ajuda, atrapalha,
Pedras no caminho apenas espalha.

Ainda te agradeço, oh Mestre,
Vida, oh vida como é linda!
Agradeço-te, oh Lei que nos rege,
A sabedoria, a inexplicável realização,
A inexplicável construção da ação e reação.

Oh rio que há de fluir,
Oh brisa que há de limpar,
Correntes do mar, oh perfeição que há de perpetuar.

Ensina-nos querida, oh vida,
Mostra-nos, oh grandiosidade,
Aos grãos da crosta,
Aos homens infelizes,
Aos que ainda vêem o celestial,
Como enfeite paternal.
Aos que choram, pois ainda não olham,
Choram, pois ainda não percebem o redor.

Somos teus filhos, oh vida,
Somos tua vida, oh Bendita,
Somos divinos, somos únicos,
Somos a natureza,
Essa grande beleza.

João 15/07/08

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