"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

CANTO PARA INSÔNIA

Queria paz em teus olhos
Queria poder andar a passos leves
Fazer romper o desejo de querer mais
Esquecer o choro e o pranto
Ouvir a suave voz do desencanto que se forá

Queria poder ser sem estar
Ficar parado, inerte, sobrevoar sem ser visto
Queria beber o vinho dos cristãos
Que refesca a alma do pecador
Saciar-se da agua pura e benta
Descendo suave pelas montanhas

Ando a passos largos, pequeno ser voraz
Peço as palavras o sumo a me alimentar
Jorro superstição, procuro bem estar
Sem colocar sobre a nobre mesa
A verdade da natureza e do amor
Mas calado ouço a flor me dizer:

Já é hora de perceber o que desejar
Isso lhe trará a força exata a continuar
Em momento oportuno venho em sonho
Correspondendo a ti em forma semelhante
Talvez de uma bela mulher
Ou de um andarilho errante
Tudo posso lhe mostrar do que conheço
Segredos tão fáceis de perceber
Que parada eu aqui, sobre a mesa
Já te disse até na hora que dorme
Mas te esquece, pois o que é facil
Não se apreende
E o dificil se perde em todas as horas

Revelação que despertará de uma nobre flor
Sábia retrata o óbvio sem contradição
Penso eu se somos inteligentes
Ou perdemos tempo de mais nos perguntando
O que vamos fazer amanhã
Para provar que a flor exala perfume
E o mundo gira em seu entorno
Onde metade do tempo é dia
E a noite nos corrompe pois é hora de dormir! (David)

Um comentário:

Sue Ellen disse...

O David me surpreende cada dia mais..

Belo texto!