Dedico esse poema em homenagem a Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
A ordem das coisas
É a falsa simetria do pensamento
Não se aprende o que está guardado
Nem tampouco se aprecia o que está escondido
Nas idéias uma sucessão de pensamentos
Aprecio sem hesitar a bagunça e a desordem
Mas não faço apologia as coisas fora de lugar
Só acho que tudo amostra
Fica mais fácil de enxergar
Se a desordem fosse algo ruim
As florestas não se formariam por plantas misturadas
Nem as nuvens seriam fumaça desenhada em todas as formas
Nem a poeira um conjunto de particulas desordenadas
Nem tampouco o próprio sangue
Seria mistura de glóbulos, uns sobre os outros
Mais o que mais gosto na desordem
É saber que nela há uma grande ordem
Cada coisa desordenada corresponde a uma ordem
Dentro de uma falsa bagunça
Os homens acostumados com a falsa simetria do pensamento
Acostumam seu par de olhos ao superficial
Não que a superfície das coisas não expressem verdade alguma
Mas também não se encontra a verdade na superfície
Gosto da desordem!
Pois, gosto da natureza!
Gosto de observar a natureza
Pois, gosto de pensar
E o pensamento é uma grande desordem
Como o é a natureza
Se há tudo houvesse uma ordem
Teriamos de ver sempre pela superfície
E não encontrariamos o último dos livros
Por de trás da estante
Mesmo ele sendo os poemas escolhidos
Do grande mestre Fernando Pessoa
Se apreciássemos apenas, ver o superficial
Jamais conheceriamos as plantas mais belas
Que se escondem por de trás das velhas árvores
Também não conheceriamos os jovens pássaros
Aconchegados no leito de seus ninhos
Admiro a bagunça, assim como, a desordem
Porque elas nos permitem criar
Tão pouco admiro a ordem
Pois sem ordem escrevo os versos do qual penso
E se coloca-se ordem no que penso
Escreveria versos em rima simétrica
E eles pareceriam com algo superficial
E por de trás deles, esconderia tudo do que penso.
(David Lugli)
"Aqui ninguém é louco. Ou então, todos o são." (Guimaraes Rosa, Primeiras Estórias)
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
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2 comentários:
Meu caro, vc me surpreende a cada dia...
faço das palavras do Jão.. as minhas.. de novo...
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